segunda-feira, 30 de junho de 2008

A Espanha vence a Euro e o futebol agradece, mais uma vez


E o futebol agradece mais uma vez. O título incontestável da Espanha na Euro 2008, premiando o time que jogou o melhor futebol na competição, afasta um pouco aquele incômodo gerado quando seleções como a Itália vencem um torneio importante, privilegiando a marcação em detrimento ao ataque. Respeito muito a camisa da Itália, mas fico triste cada vez que o futebol defensivo vence. Ainda bem que a Grécia foi varrida cedo, relegada ao seu lugar de coadjuvante. Zebras são sempre bem-vindas, sempre torço por uma delas. Mas desde que seja jogando como Senegal fez na Copa de 2002, Nigéria nas Olimpíadas de Atlanta e Camarões em Sidney. O que a Grécia fez em 2004 é dispensável.

A Espanha não foi a melhor nesta Euro. Vem sendo assim há muito tempo. Não perde um jogo desde o segundo semestre de 2006, quando foi derrotada pela Romênia. Em 2007, se não me engano, foram 12 jogos, com 10 vitórias. Em 2008 foram 10 jogos, com apenas 2 empates. É uma marca de respeito, ainda mais sabendo que enfrentou nesta lista adversários tradicionais como Alemanha e Itália.

E a vitória espanhola na Euro foi incontestável. Teve o melhor ataque do campeonato (12 gols, 2 por jogo, 7 somente na Rússia, apontada como uma das sensações do torneio), a melhor defesa (3 gols sofridos, 1 a cada 2 jogos), o artilheiro (David Villa, com 4 gols). Aliás, foi a primeira vez que um espanhol foi artilheiro da Euro. Nove espanhóis ficaram entre os 23 escolhidos pela UEFA como os melhores da competição. Xavi Hernandez foi eleito ainda o melhor jogador do campeonato e Fernando Torres o melhor da final. Somado a isso tudo, o grande talento do garoto Cesc Fàbregas, meio-campista completo, marca, passa e chuta muito bem, provavelmente estará brigando em pouco tempo pelo prêmio de melhor do mundo com Kaka, Cristiano Ronaldo e Lionel Messi. Não há mesmo o que discutir. A Espanha, mais do que nunca, justificou o apelido de Fúria. Acho que nem aqueles que achavam que os espanhóis estariam na final (como eu mesmo achei) acreditavam em tamanha superioridade.

Não sei se existe um prêmio para o melhor técnico, mas certamente Luis Aragonés o ganharia com sobras. Ele soube unir o grupo, sem deixar que o histórico de derrotas viesse à tona para atrapalhar a campanha. E ainda conseguiu fazer com que a ausência de Raul, o grande ídolo espanhol (mas que não joga nada faz tempo), não fosse sentida pela equipe, por mais que a imprensa européia tenha tentado atrapalhar (não é só no Brasil que existe imprensa marrom). Certamente a saída do técnico deixará saudades na Fúria.

Isso tudo sem falar da presença do meia Marcos Senna, brasileiro de nascimento, espanhol por opção. Jogou o fino na Euro. Chegou ao ponto de acertar incríveis 91% dos passes dados contra a Rússia, passes estes com objetividade na maioria das vezes, não eram passes de 5 metros para o lado ou para trás, como vemos na maioria dos volantes espalhados por aí. Dizem que esta marca atingida pelo Senna é exagerada para um volante. Pra mim isso faz a diferença entre os times que vencem dos que entram num campeonato para fazer numeração. O pior é quando lembramos que ele nasceu no Brasil e temos que aturar Mineiro, Josué e Gilberto Silva no meio-campo brasileiro.

Termino então este post com as duas palavras que a Bola deve ter dito ontem: Obrigado, Espanha!

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Seleção da UEFA EURO 2008
Goleiros: Gianluigi Buffon (Itália), Iker Casillas (Espanha), Edwin van der Sar (Holanda).

Defensores: Bosingwa (Portugal), Philipp Lahm (Alemanha), Carlos Marchena (Espanha), Pepe (Portugal), Carles Puyol (Espanha), Yuri Zhirkov (Rússia).


Meias: Hamit Altıntop (Turquia), Luka Modrić (Croácia), Marcos Senna (Espanha), Xavi Hernández (Espanha), Konstantin Zyryanov (Rússia), Michael Ballack (Alemanha), Cesc Fàbregas (Espanha), Andrés Iniesta (Espanha), Lukas Podolski (Alemanha), Wesley Sneijder (Netherlands).

Atacante: Andrei Arshavin (Rússia), Roman Pavlyuchenko (Rússia), Fernando Torres (Espanha), David Villa (Espanha).

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