segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

6-3-3


O São Paulo não tinha nenhum tricampeonato em sua história. Dos times grandes, era o único. Ontem conquistou o primeiro, logo o mais difícil, logo um inédito. Com muita justiça, o Tricolor Paulista arrebatou o terceiro título brasileiro consecutivo e o sexto em sua história (outro feito inédito), tornando-se o recordista absoluto também de Brasileiros (já era de Libertadores e Mundiais). Segundo melhor ataque, segunda melhor defesa, time que menos perdeu, que igualou o recorde de invencibilidade dos pontos corridos. Perdeu apenas 16 jogos em 114 nos três campeonatos. Tirou onze pontos de diferença para terminar com dois na frente. Tem um técnico que venceu os três últimos campeonatos e ficou em segundo em 2005. Não tem discussão.

O São Paulo não tem craques que desequilibram um jogo? Não tem armadores? Não tem laterais de origem? Não. Mas tem um time cascudo, que joga sério, que sabe se impor diante dos adversários, que não entrega jogos bobos. Sabe das suas limitações e explora como nenhum outro suas potencialidades. Seu sistema de marcação começa no ataque e culmina com um time que leva poucos gols. Mesmo renovando seus zagueiros o tempo inteiro: primeiro Fabão e Diego Lugano, depois Miranda, Breno e Alex Silva, agora André Dias. Muda muito, mas a qualidade se mantém, é o ponto forte do time há três anos. Seu sistema ofensivo começa de trás, com volantes habilidosos, zagueiros bons no jogo aéreo, que gera um time que faz muitos gols. Os volantes também mudaram muito, desde Mineiro e Josué, passando por Richarlyson e Hernanes, terminando com Jean. Tem na jogada de bola parada um trunfo poderoso, que inclusive produziu o gol do título. O impedimento absurdo de 1,30m no gol do título não tira o brilho da conquista, até porque o título também seria conquistado com um empate. Muito menos o episódio lamentável da tal propina.

Acima de tudo, o São Paulo tem estrutura, é o mais organizado clube brasileiro. Paga em dia, tem um centro de treinamento completo, um centro de reabilitação que é padrão de qualidade. Tem uma diretoria que não cedeu às pressões depois da derrota na Libertadores. Jogar num clube assim é muito mais fácil. E num campeonato que privilegia a regularidade, corremos o risco de ver o número 6 do título virar 10 logo. E azar dos outros clubes. Que corram atrás do prejuízo.

Como torcedor do Flamengo, sustentei por 20 anos a marra de ser o maior vencedor do campeonato mais difícil do mundo. Desde 1987 o Flamengo era soberano, mas infelizmente parou no tempo. O São Paulo também havia parado, mas aproveitou para se organizar. O resultado está aí.

Amanhã, com calma, colocarei um post sobre a última rodada e o desfecho do campeonato mais equilibrado de todos da nova era.

2 comentários:

Antonio disse...

Alexandre,

Acho que você falou tudo e parabéns pela imparcialidade ao escrever numa hora que poucos conseguem ser racionais...

Parabéns também ao Muricy que tem confirmado o apelido de Telêzinho.

Como você mesmo disse, entra e sai jogador, o time tem uma cara.

A observação do SPFC não ter armadores é curiosa, porque nas últimas décadas nenhum time vencedor do São Paulo jogou com armadores natos ou espetaculares.

Alexandre Matos disse...

Racionalidade sempre, Tonhão. Acho muito lamentável a mania que o brasileiro tem de menosprezar a conquista alheia, ficam procurando piolho em cabeça de parafuso pra poder diminuir a gloria do adversário.

Isso pra mim é baixaria. Eu tento aprender com o SP. Gostaria q o Flamengo tb tentasse.