quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

"Cada time tem o que merece. A gente teve o que mereceu"


Precisei esperar um pouco para escrever este post. Mais de 24 horas. A atuação pífia contra o Atlético-PR, somado ao resultado do Palmeiras, realmente me deixou transtornado. Na verdade eu continuo possesso. A frase do título do post, dita por mim tantas vezes, mas tornada pública pelo melhor jogador do time no ano, o lateral-esquerdo Juan, logo depois do jogo de domingo, resume com perfeição o fim de ano melancólico do Flamengo. A foto acima, com o técnico Caio Junior dando explicações, também. Ano este que começou com grandes esperanças, mas que terminou marcado por grandes decepções. A maior delas, a eliminação inacreditável da Libertadores no Maracanã, provavelmente o maior vexame dos 113 anos de glórias do clube rubro-negro.

O Maraca, palco de grandes conquistas e épicas vitórias, viveu momentos lamentáveis em 2008. No estádio, o time rubro-negro perdeu para o São Paulo, Vitória, Cruzeiro e Atlético-MG, empatou com Portuguesa e Goiás (este quando vencia por 3 a 0 em 35 minutos). A derrota para o Galo e os dois empates da reta final jogaram no lixo as chances de ganhar o hexacampeonato.

Aquele que era o melhor time do primeiro semestre do futebol brasileiro (na minha opinião) sucumbiu à famigerada janela de transferências. O ataque foi varrido: Renato Augusto, melhor jogador do time, foi para o Bayer Leverkusen, da Alemanha; Souza, contestado injustamente por muitos, mas importantíssimo no trabalho de prender a bola no ataque, foi para o grego Panathinaikos, enquanto Marcinho, artilheiro do campeonato à época, foi seduzido pelos petrodólares do futebol árabe.

O Flamengo até então tinha um esquema de jogo sólido, com mais de 80% de aproveitamento no ano. O time saía rapidamente para o ataque, mandando a bola para Souza, que conseguia segurá-la no meio da defesa adversária sem ser desarmado. Isso dava tempo para que um verdadeiro batalhão chegasse à intermediárea adversária. Não raro o Flamengo atacava com Leo Moura e Juan, Ibson, Renato Augusto, Souza e Marcinho. Souza não fazia muitos gols, mas seu trabalho importante de prender a bola oferecia chances a todos. O resultado: melhor ataque do campeonato. Além disso, como prendia a bola com autoridade no ataque, o Flamengo conseguia se recompor atrás com rapidez, que gerou também a melhor defesa. Tudo parecia perfeito.

Mas a janela e uma fila de sete jogos, com dois empates e cinco derrotas, jogaram o clube da liderança, com cinco pontos de frente para o segundo, para a sétima colocação. A diretoria demorou muito para se mexer e, quando o fez, trouxe jogadores de qualidade no mínimo desconhecida. Para piorar, muitos dos reforços pedidos por Caio Junior mal foram utilizados pelo próprio. Isso o Caio nunca explicou.

Certo, nem tudo foi tristeza ou vergonha. O Flamengo teve o melhor ataque do campeonato (não lembro da última vez que isso aconteceu no Brasileiro). Teve a maior pontuação, a melhor campanha desde 1992, apesar da colocação final ter ficado abaixo da de 2007. Depois de muito tempo, o time voltou a fazer campanha de time que quer ser campeão fora de casa. Em nenhum momento ficou atrás da 7ª posição e liderou o campeonato por 11 rodadas.

Para um time da expressão e da dimensão do Flamengo, isso é pouco, muito pouco. O clube precisa com urgência de muita coisa. Precisa de estrutura, de local decente para treinar, isolado da confusão da Gávea. Precisa de estrutura administrativa. Não é possível que tudo que ocorre no clube vaze na imprensa, tornando o ambiente cada vez mais insuportável. Falam em trazer o Parreira para coordenar o futebol do clube. Excelente notícia. Mas vão dar condições para o homem trabalhar ou vamos ter aquelas dezenas de malas cornetando o tempo inteiro? Não é possível que um presidente venha a público proferir as inúmeras declarações de baixo teor intelectual, para ser educado. Precisa de organização técnica. O Flamengo tem que treinar mais e melhor. No dia seguinte aos jogos o São Paulo treina, muitas vezes em tempo integral. O Flamengo dá folga. O São Paulo tem um esquema sólido de jogo há três anos e ganha campeonatos atrás de campeonatos. Seria coincidência? O Flamengo precisa de jogadores que entendam a responsabilidade de entrar em campo envergando o Manto Sagrado, que podem jogar mal de vez em quando, mas precisam se entregar sempre. Novamente como faz o São Paulo. O Flamengo só não precisa de torcida. Mas o São Paulo ganha tudo sem tê-la presente. Por que tanta "babação" em relação ao São Paulo? O Tricolor Paulista nos tomou a condição de gigantes do futebol brasileiro e parece que os dirigentes não se deram conta disso. Eu quero isso de volta.

E diante de tanta necessidade, o que vemos? Dirigente falando que o tricampeonato carioca será prioridade? Tudo bem, vai ser legalzinho passar o Flu e conquistar o quinto tri. Mas chega de ganhar estadual cheio de passa-fome e ficar por aí. O Flamengo é maior do que isso.

Leonardo, por favor, vem logo... Se quiser, posso te buscar pelo braço em Milão...

Um comentário:

Chã, Patinho & Lagarto disse...

É foda, mas o q mais me irritou nesse final de campeonato nem foi a derrota pro CAP em si (q foi horrivel pelos gols tomados), mas sim o vergonhoso empate com o Goiás no Maracanã depois de ta vencendo por 3x0, com boas chances de fazer outros, inclusive com gol anulado. Mas a merda do time parou e entregou pra um time que nao queria mais nada no campeonato. E sem querer desmerecer a reação do Goiás, nao foi por grandes esforços q eles chegaram ao empate. Foi na mediocridade extrema q o Flamengo ficou depois do primeiro gol deles. Lamentavel e patetico. Bem ou mal o Flamengo sempre toma la em Curitiba na Arena. Jogando contra os caras lutando pra nao cair e cheio de desfalques, eu nao esperava outra coisa mesmo desse bando. Mas contra o Goiás foi uma piada de péssimo gosto.

P.S.: Essa última frase ficou meio gay hein! heuheuehuehe