quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Souza: perna-de-pau ou injustiçado?


Fim de ano, clubes em férias. É a hora que começam a chover no noticiário informações sobre transferências de jogadores. Tenho a nítida impressão que muitas destas notícias são vinculadas apenas para "vender jornal" ou "dar audiência", na falta de movimentação de campeonatos. Por isso o Arquibancada Digital dificilmente comentará este tipo de informação, a menos que tenha algum tipo de fundamento.

O paradoxo disso é que vou acabar tocando no assunto. Mas não por causa da transferência em si, mas pelo jogador envolvido. Li no Globoesporte.com que o Grêmio pode se envolver numa troca entre o zagueiro Léo e o atacante Souza. Segundo a boataria da vez, o grego Panathinaikos estaria interessado no beque gremista e teria intenção de colocar o atacante como moeda de troca.

Minha opinião? Negócio da China para o Grêmio. Léo é novo, tem potencial para um belo futuro, mas andou se perdendo depois de um início sensacional no Brasileiro 2008. Mesmo com a queda de produção, o sistema defensivo do Grêmio segurou a onda e terminou o campeonato como a melhor defesa do campeonato, com grandes atuações de Réver e Pereira, o que talvez mostre que a defesa se viraria bem mesmo sem Léo. Em contrapartida, um dos motivos mais marcantes para o Grêmio ter deixado o título ir para o Morumbi foi a péssima atuação de seu ataque. E com certeza Souza seria uma excelente opção para o clube em 2009.

Defender o Souza no Brasil é arriscado. Corro o risco de ler impropérios na caixinha de comentários por causa disso, até mesmo de ouvir bobagem. Mas a verdade é que considero o Souza injustiçado por parte da torcida do Flamengo e da imprensa. Mas acho isso porque não o vejo como um atacante matador, como muitos pintam e ele mesmo tentou nos fazer acreditar. Apesar de ter sido artilheiro do Campeonato Brasileiro de 2006, pelo Goiás, Souza não é um matador trombador, como muitos gostam de rotulá-lo. Jogador assim é o Washington, por exemplo.

Rodrigo de Souza Cardoso, 26 anos, é um cara forte, alto (1,88m e 87kg) e com excelente domínio de bola. Quantas vezes ele foi lançado em meio a até três zagueiros e não era desarmado? Esta característica era fundamental no esquema de jogo do Flamengo: Souza prendia a bola no ataque, o que dava tempo para o time chegar com os laterais, meias e volantes no ataque. Com dois defensores na cola dele, sobrava espaço para Marcinho, Leo Moura, Juan, Ibson. E, deste jeito, chances eram criadas para todos, muitas com passes de Souza, como o lance abaixo, na partida contra o Ipatinga, na sétima rodada do Brasileiro:



Esta mesma característica, além de ajudar o ataque do Flamengo, ainda facilitava a vida da defesa. Apesar dos diversos volantes e zagueiros formando um ferrolho, o sistema defensivo do Flamengo começava lá na frente. Como Souza não era desarmado com facilidade, o time tinha tempo para atacar e recuar de volta, sempre em bloco e sem desespero. Quando saiu para a Grécia, o atacante deixou o Rubro-Negro líder, com o melhor ataque e a melhor defesa do Campeonato Brasileiro.

Souza se foi e a capacidade do time do Flamengo prender a bola no ataque praticamente desapareceu. Obina é bom finalizador, tem disposição, mas não tem um quinto do domínio de bola do ex-companheiro. Diego Tardelli nunca se firmou, além de ter se machucado. Marcelinho Paraíba não é atacante. O resultado disso é que em muitas vezes a bola era lançada para o ataque, batia lá e voltava rapidamente, pegando o time "de calça arriada", subindo em bloco. Com Souza em campo, quantas vezes o Flamengo foi visto levando gols patéticos, com a defesa escancarada, como os do jogo contra o Cruzeiro, no Mineirão?

Porém, para enxergar a importância tática do Souza, é necessário ir ao estádio. Da arquibancada temos uma visão mais ampla do jogo, podemos ver toda a movimentação, mesmo sem a bola. A TV impossibilita isso. E ainda tinha scouts cretinos, quando adoravam dizer que o Souza estava a não-sei-quantos minutos sem tocar na bola, fazendo o torcedor que não vai a campo constantemente ficar com raiva do jogador. Como vocês sabem, acompanho o Flamengo no estádio. Acho que devo ter ido a uns 90% dos jogos do Flamengo no Rio desde 1991. Fiz "amigos de arquibancada". E o consenso entre o pessoal é a falta que o Souza faz ao Flamengo.

Faltou ao Flamengo maior sagacidade do departamento de marketing. Deviam ter tirado a camisa 9 das costas de Souza. Poderiam ter lhe dado a camisa 7 e ter presenteado Ibson com a 10, depois que Renato Augusto foi embora. Tenho certeza que a torcida gostaria mais de ver a camisa imortalizada por Zico com Ibson do que escondida no banco, nas costas do Sambueza. E o Souza, com a 7, provavelmente teria a imagem desassociada do matador trombador. Acredito que o jogador poderia ser menos vaiado, por conseqüência menos substituído e por último, com o time comemorando mais vitórias. Mas infelizmente são suposições. O certo é que o Souza foi embora e faz muita falta ao Flamengo.

2 comentários:

Chã, Patinho & Lagarto disse...

Concordo plenamente.

Anônimo disse...

O SOUZA É UM PERNA-DE-PAU COM CERTEZA. EM TRÊS ANOS NO CORINTHIANS DÁ PRA CONTA NOS DEDOS OS GOLS QUE ELE FEZ. E GANHAVA QUASE 200MIL DE SALÁRIO PRA QUE? PRA NADA. E O CORINTHIANS VAI PAGA PARTE DO SALÁRIO DELE PRO BAHIA E OS CARAS DA DIRETORIA FALAM QUE NÃO TEM DINHEIRO PRA INVESTIR EM REFORÇO. VAI SE FUDE!!!!