segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Estilo brasileiro ameaçado - Parte II

Continuação do post anterior

E o que os clubes brasileiros estão fazendo diante deste quadro? Como vivem em dificuldades financeiras, a venda de jogadores torna-se indispensável para os combalidos cofres. E como os jogadores têm saído muito jovens, o ritmo de produção das categorias de base aumentou. O ciclo mirim-infantil-juvenil-junior é praticamente inexistente nos principais clubes.

Como vendem seus jogadores, os clubes precisam repor as posições carentes. Muitas vezes buscam na base uma solução. Não raro um jogador pula a categoria de juniores, subindo aos profissionais com 17 anos. O primeiro impacto, mais óbvio, é a diferença física de jogar contra garotos de 15-17 anos em relação a enfrentar adultos de mais de 25 anos. Isso acaba sendo resolvido com sessões extras de musculação que, feitas fora de hora, podem transformar um jovem habilidoso e driblador num jogador forte, mas duro.

Mas o impacto mais sério é visto ainda dentro de campo. Por pularem fases importantes na formação, muitos jogadores chegam aos profissionais com deficiências seríssimas em fundamentos básicos. Atacantes que não sabem chutar ou cabecear, meias e volantes que não acertam um passe de mais de 5 metros, laterais que não sabem cruzar e zagueiros que marcam mal. Já viu isso no seu time? Pois é, acontece com todos, desde o São Paulo até o Colo-Colo de Ilhéus.

A competitividade faz com que resultados sejam obtidos desde a base. Ficou muito importante ser campeão da Taça Belo Horizonte de juvenis, da Copa São Paulo de juniores, da Dallas Cup, etc., para valorizar os jogadores. Esta inversão de valores ajuda na decadência da formação dos novos atletas. Veja o caso do Flamengo: desde 2005 foi tricampeão carioca de juniores, bicampeão de juvenis, campeão brasileiro sub-17, terceiro no Mundial sub-19. Destes times, quem foi aproveitado pelo time principal? Erick Flores, meia de futuro, foi lançado às feras aos 18 anos, para substituir Marcinho e Renato Augusto. Não rendeu bem e muitos torcedores já reclamam do garoto. Quase se queimou. E o resto? O centroavante Pedro Beda e o lateral Michel, jogadores de seleções de base, foram vendidos para a Europa sem sequer entrar em campo pelo time principal. O atacante Paulo Sérgio, grande estrela dos juniores, não se firmou no time de cima e voltou para a base, num trajeto que parece retrocesso, mas que seria natural, se não tivessem pulado etapas na formação do jogador.

E qual a solução para o problema? Isso eu deixo pra outro post, até porque não faço idéia... Se você tiver alguma, coloca aí nos comentários.

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