segunda-feira, 7 de julho de 2008

The king is dead; long live the king!


Sessenta e cinco jogos, quase seis anos, invicto em quadras de grama. Cinco vezes campeão de modo consecutivo em Wimbledon. O mundo do tênis se perguntava sobre a existência de algum homem capaz de vencer Roger Federer em seu piso favorito. A resposta veio ontem.

Quatro semanas após massacrar Roger Federer no seu Reino de Saibro de Roland Garros, quando permitiu ao adversário vencer apenas quatro games na final do Grand Slam francês, Rafael Nadal entra definitivamente para a história ao tirar do suíço aquele que provavelmente é o seu maior tesouro: a coroa de Wimbledon.

E como merecia a ocasião, não faltou drama para o feito do espanhol de 22 anos. Nadal entrou em quadra decidido a fazer história. Com dois 6/4, abriu inacreditáveis 2 sets a 0, depois de virar o segundo set quando perdia por 4/1. Com o jogo equilibrado no terceiro set, a chuva fez sua primeira interrupção. A parada foi providencial para Roger Federer, pois num vacilo, o jogo e o campeonato estariam acabados. Federer voltou à quadra mais concentrado e venceu o terceiro set no tie-break, sacando incrivelmente bem (encaixou 5 aces em 7 pontos vencidos).

A vitória no set deu moral a Federer, mas o jogo continuou equilibrado. Mais uma vez o set foi decidido no tie-break e mais uma vez o suíço prevaleceu, depois inclusive de salvar dois match-points (é impressionante como Federer joga bem os tie-breaks, principalmente em jogos encardidos como esta final).

A vitória no quarto set abalou a confiança do espanhol, que passou a cometer erros bobos. Contra Federer, na grama, isso costuma ser fatal. Mas a Mãe Natureza mais uma vez entrou em ação. A chuva voltou a cair e provocou nova interrupção, desta vez benéfica a Nadal. O Touro Miúra voltou mais concentrado e conseguiu resistir aos ataques do suíço. Como o quinto set em Wimbledon é longo (não tem tie-break), o jogo seguiu empatado, até Nadal conseguir uma quebra no 15º game. No game seguinte, Federer ainda salvou mais um match-point, mas não impediu a vitória de Nadal, que fechou a parcial em 9/7 e o jogo em 3 sets a 2, depois de quase cinco horas de combate.


Depois da surra que levou de Nadal na final de Roland Garros, no território do adversário, era importantíssimo para Federer vencer em seus domínios. Seria o primeiro homem em 122 anos a vencer seis vezes consecutivas em Wimbledon. Em 2008, Federer venceu somente em Estoril e Halle. Não ganhou nenhum dos três Grand Slams ou cinco Masters Series disputados. O suíço chega ao meio do ano longe de superar Nadal no saibro e vendo sua supremacia na grama começar a ficar ameaçada. Nadal é um adversário na grama muito mais perigoso do que Federer é no saibro.

Já Rafa terá que provar que a vitória na grama sagrada do All England Lawn Tennis Club em 2008 não foi devida ao acaso. O resto do ano será praticamente centrado em pisos duros, cimento e sintético, com quadras cobertas, onde Nadal não se sente exatamente confortável. E, além de um mordido Federer, terá ainda a incômoda presença de Novak Djokovic, que joga facilmente nas superfícies que o fim da temporada reserva.

O tênis só tem a agradecer a volta da competitividade entre os três melhores do mundo, depois de anos de supremacia quase sem graça de Roger Federer.

Um comentário:

pedrop8 disse...

O jogo foi épico, como deveria ser.