terça-feira, 29 de julho de 2008

O último ato de um ciclo de ouro


Bernardinho assumiu a Seleção Brasileira Masculina de vôlei em 2001, depois de dois ciclos olímpicos à frente do time feminino, onde não conseguiu nenhum dos grandes títulos (mundial e olímpico), apesar de ter feito belíssimo trabalho. Desde sua estréia com os homens, o Brasil estabeleceu a maior era de vitórias da história dos esportes coletivos brasileiros: foram 26 torneios disputados, incríveis 21 títulos conquistados (dois mundiais e um olímpico), 4 vices e um único terceiro lugar, no Pan de Santo Domingo, em 2003 (provavelmente o torneio mais fácil disputado pela equipe). Até semana passada era o atual campeão olímpico, bi mundial, penta da Liga, Copa do Mundo, Grand Champions, sul-americano, pan-americano. Cem porcento de presença nos pódios mundo afora.

O 27o campeonato foi a Liga Mundial de 2008, com final marcada para o Maracanãzinho. Tudo pronto para uma grande festa. O Brasil conquistaria o oitavo título da Liga - o sexto seguido - e partiria para o tricampeonato olímpico em Pequim, onde o ciclo fantástico teria um final apoteótico. Mas o inacreditável também acontece contra e o Brasil, pela primeira vez na Era Bernardinho, ficou fora do pódio, ao perder a semifinal para os EUA e a decisão de terceiro para a Rússia. Pela primeira vez Bernardinho não conseguiu recuperar psicologicamente o time, que tem uma força mental descomunal.

Mas, como diz o velho ditado, há males que vêm para o bem. O Brasil é um país de desmemoriados, onde a última impressão é a que realmente fica. Imaginem se o Brasil vence a Liga e perde a Olimpíada? Com certeza viriam enxurradas de críticas em cima de um grupo que só merece a nossa reverência. Acho que o resultado na Liga vai servir para unir o time. Como disse o técnico, "a derrota amarga vai fazê-los jogar com gosto de sangue na boca". E vocês podem imaginar o que virá em Pequim com este time, acostumado a passar o rodo em todo mundo, jogando com gosto de sangue na boca.

Num esporte cada vez mais dominado por gigantes búlgaros, poloneses, alemães, russos, sérvios, que fizeram a rede se tornar um mero detalhe, o Brasil estabeleceu uma "Dinastia de Baixinhos". Para termos uma idéia, Giba, considerado o melhor jogador da atualidade, é menor do que TODOS os jogadores da seleção russa. Até mesmo o líbero russo é maior que Giba. O brasileiro, com 1,92m e que alcança 3,45m no ataque, encara paredes de 2,10m (o búlgaro Ivanov), 2,11m (o polonês Mozdzonek) e 2,12m (o alemão Kromm, que bloqueia a 2,65m). Esta disparidade física torna ainda mais fantástica a supremacia brasileira.

Além da superação física, vale ressaltar o trabalho brilhante de toda a comissão técnica. Liderados por Bernardinho, que funciona como um Head Coach, um diretor técnico, uma trupe de grandes profissionais trabalha, cada um em sua especialidade, somando esforços para que o Brasil siga vencendo. Ricardo Tabbach, Roberley Leonaldo, Guilherme Tenius, todos têm uma importância vital na seleção. É um conceito que devia ser seguido em outros esportes, como futebol e basquete, com seus "caciques" centralizadores e ultrapassados.

Vale lembrar que o Brasil perdeu a final da Liga em 2002 para a Rússia, em Belo Horizonte. No campeonato seguinte, sagrou-se campeão mundial pela primeira vez na história. Que em Pequim, com "gosto de sangue na boca", o Brasil traga mais uma medalha de ouro olímpica. A derrota na Liga vai fazer com que os adversários joguem sem medo do Brasil. E assim, não duvido que a Seleção "espalhe o sangue" em Pequim e volte de lá depois de enfiar 3 a 0 em todos os jogos. Aliás, não se deve duvidar deste time. Principalmente depois de sofrerem uma derrota dura como a da Liga.

2 comentários:

Chã, Patinho & Lagarto disse...

Quando li o título do texto achei que você estava "marronzando" a seleção de volei tal e qual a imprensa imunda carioca. Pareceu meio estranho. Mas enfim, concordo com o texto. Ainda acredito que essa seleção vai continuar sua saga brilhante de conquistas importantes. Pena que as mulheres brasileiras sejam amarelonas! hehehe
Deveriam segui o exemplo da seleção masculina: perde um jogo e uma competição preparatória pra vencer a competição importante. Com elas, infelizmente, acontece justamente o contrário. E continuam se enganando.

Rumo ao tri!

Alexandre Matos disse...

Achar que eu estava marronzando é até falta de respeito...