quinta-feira, 3 de julho de 2008

Liga, Reyes de América


Os Alvos alcançam a glória e dão uma grande alegria aos equatorianos ao conquistar pela primeira vez a Copa Libertadores, ao derrotar nos pênaltis o Fluminense, do Brasil. O campeão da América retorna a casa para festejar com todo o país, que recebeu um exemplo de trabalho, honra, entrega e garra.

Assim o jornal La Hora, de Quito, divulgou em sua primeira página o feito histórico. Ontem, com surpresa para alguns, mas com justiça, a Liga Deportiva Universitária conquistou pela primeira vez na história a Copa Libertadores da América. Foi também a primeira vez que um time equatoriano conquistou o título. E o fez em pleno Maracanã, com mais de 78.000 pagantes (quase 90.000 presentes), promovendo mais um Maracanazo. A torcida tricolor, que acreditava plenamente no título, voltou pra casa em silêncio, enquanto cerca de 2.000 heróis equatorianos comemoravam sua apoteose.

Diferente do que apregoou o Fluminense e seu técnico durante a semana, a LDU não é uma “carne assada” e não seria fácil vencê-la por três gols de diferença. Fraco defensivamente, sim. Com um goleiro irregular, sim. Mas com um meio-campo e ataque muito conscientes. E com uma força incrível pelas laterais do campo. A arrancada que o ala Guerrón deu no 120º minuto de partida, de 70 metros até ser derrubado por Luiz Alberto, foi assombrosa.

Isso para ficar no campo técnico. A LDU tem um estádio que faz inveja a qualquer outro no Brasil, tem um centro de treinamento de ótimo nível. Tem jogadores na seleção equatoriana (7 na Copa de 2006). Lembrem-se que o Equador é a seleção sul-americana que mais evoluiu nos últimos 10 anos, disputando com o Paraguai a terceira força do continente.


Já o Fluminense conheceu os dois extremos de uma decisão de campeonato. Com uma hora de jogo estava próximo ao céu, com Thiago Neves inspirado e empolgando a torcida, depois de se tornar o primeiro jogador da história a fazer três gols na finalíssima da Libertadores. Mas, por incrível que pareça, ao bater na porta da glória, eis que o tricolor começou a despencar. Uma hora depois, chegou ao inferno com a defesa de Cevallos no pênalti mal cobrado por Washington. Jogou fora um ano em uma hora. Jogou fora o maior momento da história do clube.

Aliás, foi impressionante o despreparo emocional dos jogadores do Fluminense, desde o tempo regulamentar. Conforme o tempo ia passando, o time ia se encolhendo, sem conseguir mais agredir o adversário, até chegar no limite de ter um gol contra mal anulado e quase levar um gol no último minuto da prorrogação. Na disputa dos pênaltis, que não tem nada de loteria (desculpa para despreparados física, técnica e psicologicamente), era nítido o nervosismo dos tricolores. Thiago Neves caiu no conto do goleiro: demorou muito pra bater, dando motivo pro goleiro reclamar. Depois da cera, Thiago resolveu mudar o canto, fazendo exatamente o que o goleiro queria. O resultado não podia ser outro mesmo.

Agora o Flu vai ter que juntar os cacos numa tarefa razoavelmente complexa. Na lanterna do Campeonato Brasileiro, 16 pontos atrás do líder e 13 atrás do último integrante do G-4, vai encarar uma maratona de 8 jogos no mês de julho, toda quarta e domingo, contra adversários como Palmeiras, Cruzeiro, Internacional e o clássico contra o Vasco. E corre o risco de perder os Thiagos, Arouca, Dodô (para mim isso é reforço pro Fluminense), Gabriel...

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Reproduzo trecho do post do Urublog: “O mais certo pra se fazer é que os rubro-negros cuidem da sua própria vida e torçam para que o Flor reencontre seu rumo e volte logo pra disputar a Segundona, de onde estão foragidos desde 1999. Não acho bacana ficar rindo da derrota alheia, é uma atitude mesquinha e não condizente com nossa posição hegemônica na cadeia alimentar do futebol. Mas é perfeitamente justo e bom comemorar a manutenção e a continuidade do
status quo do mundo que em que vivemos. Elas já tinham aviltado a Copa do Brasil, esculhambarem com a Libertadores seria trágico, o fim do mundo.” - Muhlemberg, Arthur. Urublog

3 comentários:

Chã, Patinho & Lagarto disse...

Humildemente, gostaria de parabenizar o Fluminense por se igualar ao grande São Caetano, com um brilhante vice das Américas.

pedrop8 disse...

A força emocional é a base do trabalho do Renato Gaúcho. Como ele foi técnico do Vasco, pude perceber que o time corre todos os jogos como se fosse o último. Sempre no limite da força e do preparo físico. Não é atoa que ele prefere utilizar um time totalmente diferente em cada campeonato. Neste jogo, quando os jogadores atingiram o objetivo dos 2 gols de diferença, naturalmente tiveram a sensação do dever cumprido e esgotaram suas forças emocionais e físicas. Discordo totalmente deste estilo, mas não podemos negar que no futebol de resultados em que vivemos, traz boas respostas a curto prazo.

Alexandre Matos disse...

Concordo com vc, p8. Mas acho q o Renato ainda não achou o ponto certo na carreira de técnico. Algumas vezes ele age como se ainda fosse jogador e acaba falando mais do que devia.