segunda-feira, 14 de julho de 2008

A última chance de ir à Pequim

Começa hoje em Atenas, Grécia, o Pré-Olímpico Mundial de Basquete Masculino, a última chance para 12 seleções tentarem as três últimas vagas para os Jogos Olímpicos de Pequim, que começam daqui a menos de um mês. O Brasil é um dos concorrentes e vai tentar quebrar um jejum que já dura desde 1996, quando pela última vez o basquete nacional se fez presente no masculino em Olimpíadas. Para um país bicampeão mundial e duas vezes medalha de bronze em Olimpíadas, é um retrospecto vergonhoso.

Além do Brasil, a dona da casa Grécia e o Líbano estão no grupo A. Nova Zelândia, Cabo Verde e Alemanha formam o grupo B. Eslovênia, Coréia do Sul e Canadá disputam o grupo C, enquanto Croácia, Camarões e Porto Rico estão no D.

Duas seleções em cada grupo se classificam para as quartas-de-final. Depois, o primeiro do grupo A enfrenta o segundo do B, o segundo do A pega o primeiro do B e o mesmo acontece entre os grupos C e D. O Brasil, provavel segundo do grupo A, enfrentará Alemanha ou Nova Zelândia nas quartas.

A primeira rodada já foi iniciada. Os croatas, uma das equipes favoritas a uma vaga, venceram Camarões por 93 x 79. A Eslovênia, outro forte concorrente, venceu a Coréia por 88 x 76, a Nova Zelândia despachou Cabo Verde por 77 x 50 e a Grécia destruiu o Líbano por 119 x 62. O Brasil estréia amanhã, contra o Líbano.

Acho que a Grécia, atual vice-campeã mundial, Eslovênia e Croácia são as favoritas para levar as três vagas. O Brasil, desfalcado de Nenê, Leandrinho e Anderson Varejão, dentre outros, vai precisar suar muito para carimbar o passaporte para Pequim.

O basquete brasileiro vive um momento conturbado, que já se arrasta há mais de 10 anos. Pessimamente administrado dentro e fora das quadras, sofre com um retrospecto abaixo da crítica em Mundiais e ausência nas últimas duas edições das Olimpíadas. Perdeu uma chance de ouro para se classificar no Pré-Olímpico das Américas, disputado em Las Vegas em 2007. Os EUA levaram a primeira vaga. A Argentina, com um time reserva (apenas Luis Scola de titular), levou a segunda vaga, que deveria ser do Brasil quase por obrigação. Os argentinos bateram o Brasil na semifinal do torneio, mandando-nos para o inferno do Pré-Olímpico Mundial que se inicia hoje.

Depois de um tempo nas mãos de Helio Rubens e de Lula Ferreira (um ciclo olímpico para cada), que não fizeram nada além de perder o nosso tempo e aumentar a coleção de vexames do basquete brasileiro, a CBB entregou o comando do time a um estrangeiro, o espanhol Moncho Monsalve, que inclusive já dirigiu o ala Marcelinho Machado na Espanha. Como a CBB não consegue acertar por muito tempo, já existem rumores que Moncho sairá da seleção tão logo termine o Pré-Olímpico. Caso o Brasil se classifique, há chance do espanhol permanecer até o fim dos Jogos, que seria sua despedida. Existe um pensamento xenófobo e pouco inteligente que julga a seleção um produto nacional, logo deve ser dirigida apenas por brasileiros. Até mesmo Oscar pensa assim. Este pensamento pequeno e provinciano ajuda a explicar o péssimo momento vivido pelo esporte.

Mas mesmo que não classifique o Brasil, Moncho já cumpriu um papel importantíssimo em tão pouco tempo no comando do time. Fez os jogadores entenderem que não devemos sempre imitar o estilo americano de jogar. Temos uma geração de pivôs e alas de força de altíssimo nível, com destaque para o craque Thiago Splitter, de apenas 22 anos e muita experiência em um dos principais times europeus, o Tau Cerámica. Não explorar as potencialidades destes jogadores seria uma tremenda burrice. Moncho vem tentando fazer o time jogar com força no garrafão, em vez de ficar rifando bolas de longa distância, que marcou os períodos dos técnicos anteriores.

O trabalho é árduo, o Pré-Olímpico será duríssimo, mas vamos torcer muito pelo Brasil, para que, ao menos, o trabalho inteligente de Moncho Monsalve seja recompensado com uma vaga olímpica.

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