quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Quando o tênis lembra o futebol


De sexta-feira, 21, até domingo, 23, acontecerá a final da Copa Davis de Tênis, entre Argentina e Espanha. O confronto será disputado na cidade argentina de Mar del Plata, em quadra de carpete em ginásio coberto, depois de a cidade brigar contra Cordoba e Tandil, preferências dos tenistas principais.

A Copa Davis é o torneio onde o tênis mais lembra o futebol. Diferente da temporada da ATP, onde cada tenista joga por si, na Davis (que é organizada pela ITF) os atletas são dispostos em times, defendendo suas seleções nacionais. E os confrontos sempre acontecem na casa de um dos times envolvidos. Deste modo, a Davis conta com presença marcante da torcida. Já tive a oportunidade de ver ao vivo alguns confrontos e o ambiente é totalmente diferente do tênis cotidiano: muita pressão da torcida, vaias no saque adversário, gritaria, vale tudo para defender o time da casa e desestabilizar o adversário. Assim, por exemplo, vencemos a Áustria, que tinha o número 1 do mundo à época, Thomas Muster.

Em 2008 chegaram à final as duas grandes escolas da atualidade. Infelizmente o povo argentino (e todos os amantes do tênis) não terão o privilégio de assistir ao tenista número 1 do mundo, o espanhol Rafael Nadal, contundido. O time espanhol chegou a Mar del Plata com David Ferrer (número 12 do ranking da ATP), Fernando Verdasco (16), Feliciano Lopez (31) e a surpresa Marcel Granollers (56). Apesar do sério desfalque, a equipe capitaneada por Emilio Sanchez acredita na conquista do terceiro título da competição.

A Argentina vai para a batalha no Estadio Islas Malvinas com os números 8 e 9 do mundo, respectivamente David Nalbandian e Juan Martín Del Potro, além de José Acasuso (48) e Agustín Calleri (60). A equipe liderada por Alberto Mancini, além da força da torcida portenha, confia na grande fase vivida por Del Potro, que disputou a Tennis Masters Cup. E o fim da temporada é o momento em que Nalbandian mais tem rendido nas últimas temporadas, é quando ele se sente mais à vontade.

Rafael Nadal está no auge da carreira, passou Federer no ranking mundial e o venceu na final de Wimbledon, além de ter sido tetracampeão em Roland Garros e campeão olímpico. Com ele em ação a Armada Espanhola é um time poderoso, porém muito dependente do saibro. Os espanhóis têm tradicionalmente muitas dificuldades no piso que será utilizado na final. Para se ter uma idéia, no final da temporada de 2007 Nadal enfrentou duas vezes Nalbandian em carpete coberto, nas quartas-de-final de Madrid e na final de Paris. Saiu derrotado em ambas as ocasiões, nas duas únicas vezes que os tenistas se enfrentaram. Sem ele as chances de título despencam.

O time argentino, na minha opinião, é mais completo do que o espanhol. Na verdade é a seleção mais versátil do mundo na atualidade. Também são baseados no saibro, mas diferentemente dos espanhóis, já conseguiram grandes feitos em outros pisos. A Argentina eliminou a Austrália na grama em 2005, vencendo o time de Lleyton Hewitt por 4 a 1. Além disso, Nalbandian se sente muito à vontade em quadras de carpete coberto. Já venceu os Masters de Madrid e Paris neste piso (2007), além da Masters Cup, batendo Federer na final (2005). Jogou a final de Paris em 2008, quando perdeu para o anfitrião Jo-Wilfried Tsonga.

Já Del Potro tem um estilo de jogo que muito me lembra Gustavo Kuerten em seus grandes momentos. Porém a estatística pesa: contra Ferrer, tem uma vitória em três partidas. Mas, como disse antes, está em uma grande fase e foi o herói da classificação argentina na semifinal, quando venceu os russos Nikolay Davydenko e Igor Andreev por 3 sets a 0.

Ver os tenistas argentinos em atividade hoje em dia (são dois top 10, quatro top 50 e nove top 100) me faz ter raiva da CBT. Os argentinos nunca tiveram um Guga, mas souberam investir no esporte e o resultado está aí. Mas isso é assunto para outro post.

Mas quem vai levar a melhor? A Argentina vai prevalecer o mando de campo, a torcida e o piso? Ou a Espanha vai tirar um coelho da cartola, superar o desfalque de seu principal jogador e bater a rival?

Acho que chegou a hora dos hermanos, que já foram vice-campeões em duas oportunidades (1981 e 2006). E vamos aos palpites:

Sexta-feira: Del Potro faz 1 a 0 contra Verdasco. Nalbandian abre 2 a 0 contra Ferrer.
Sábado: Espanha diminui o prejuízo para 2 a 1 na dupla.
Domingo: Del Potro vira ídolo definitivo ao vencer Ferrer.

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Obs.: Originalmente este post havia sido escrito em 28 de outubro, quando obviamente ainda não sabia que Rafael Nadal não participaria do confronto. Precisei editar...

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