sábado, 8 de novembro de 2008

Que final!

Voltar ao trabalho depois de um mês de férias é difícil... Fiquei com tempo curto para atualizar o blog e por isso peço desculpas para a galera que está começando a se acostumar a ver algo novo neste espaço. Vou me esforçar para que não aconteça novamente.


Recuperando um assunto de quase uma semana, domingo passado tivemos um dos desfechos mais dramáticos da história da Fórmula 1. O inglês Lewis Hamilton quase conseguiu jogar fora um título praticamente certo. Felipe Massa fez o que dele se esperava, venceu a prova de ponta a ponta, com muita facilidade. A Hamilton, bastaria chegar em quinto. E quase o inglês não consegue... Com um ano de atraso, Hamilton se tornou o mais jovem campeão mundial de F1, apenas em sua segunda temporada. Acho que isso vai ser difícil de ser superado.

O que foi visto em Interlagos é raro. Quando Massa completou a prova em primeiro, era o campeão, porque Hamilton estava em sexto. Mas, na subida da Curva da Junção, Hamilton tirou proveito dos pneus para pista seca que Timo Glock usava debaixo da chuva para ultrapassá-lo, faltando menos de 700 metros para o fim, menos de 20 segundos.

Na segunda-feira, vi no MSN de uma prima minha a frase: "Massa, o título é seu". Cau, você sabe que adoro você, mas permita-me discordar, porque não é não. Diferente do que pregou parte da imprensa, numa mostra de ufanismo barato, não foi a Ferrari que tirou o título de Massa. A escuderia fez muita bobagem durante a temporada (fez mais até com Kimi Räikkönen), mas Massa também aprontou das suas. Errou muito, rodou, bateu. Foi "Felipinho" algumas vezes, como diz o comentarista Celso Itiberê, de O Globo. O título do inglês foi justíssimo. Ele é mais piloto do que Massa, é mais consistente, mais constante. Tanto que foi campeão mesmo com uma vitória a menos e tendo liderado menos voltas durante a competição. Hamilton subiu ao pódio em mais de 60% das corridas na carreira da F1.

A torcida presente ao autódromo deu um show de mau comportamento. Faixas dizendo "Bate nele, Rubinho" eram espalhadas no circuito. Por que o piloto com mais corridas na história e duas vezes vice-campeão mundial se prestaria a um papel patético como esse? Vaiaram o campeão, coisa típica de povo que não sabe perder. Xingaram o Timo Glock, coisa típica de quem não sabe perder sem menosprezar o vencedor. Falaram de "esquema", que Glock entregara para Hamilton de propósito, como se Timo tivesse lhes tirado o título. "Este alemão filho da puta não deixou a gente ser campeão" foi muito ouvido em Interlagos. Como disse o brilhante comentarista da ESPN Brasil, Flavio Gomes, "a gente" quem, cara-pálida? Cheguei a ouvir o absurdo de que foi tão armado que Jarno Trulli, companheiro de Glock na Toyota e que também estava com pneus para pista seca debaixo da chuva, também tirara o pé na última volta, para justificar o tempo lento de Glock. Nos comentários de futebol que faço aqui, vocês já sabem que não tolero estas manias de perseguição ou teorias da conspiração baratas. Nestas horas tenho vergonha de ser brasileiro. É o país do denuncismo vazio.

A tentativa da Toyota quase deu certo. Como não parou para trocar pneus, Glock passou Hamilton e o compatriota Sebastian Vettel (que grande piloto!). O alemão foi o mais rápido de todos entre as voltas 66 e 71. Estava pouco mais de 19s atrás de Hamilton na 65ª. Descontou mais de 14s, fez voltas excelentes, menos a última, quando a chuva apertou, os pneus estavam na lona e a pista estava encharcada. Foi uma estratégia arriscada a da Toyota, mas que quase deu certo. A duas curvas para o final, perdeu a posição para Vettel e Hamilton, selando a sorte do campeonato. Mas Timo Glock fez uma boa corrida.

Perder um título nestas circunstâncias deve doer demais. Mas Felipe teve um comportamento magnânimo. Aceitou a derrota como um homem. Não acusou a Ferrari, como muitos brasileiros fizeram. Assumiu sua parcela de culpa na derrota final. Não caiu no oba-oba da véspera nem na depressão pós-derrota. Terminou a temporada fortalecido e é séríssimo candidato ao título em 2009.

Ah, não posso deixar de falar, que corrida fez Fernando Alonso! Terminou a prova em segundo lugar, depois de largar em sexto. É o piloto mais talentoso da atualidade, pena não ter um carro à altura do seu talento. Foi o melhor piloto do segundo semestre, depois de vencer duas corridas seguidas. O "drible" que o espanhol deu em Heiki Kovalainen foi antológico (vídeo abaixo). Se a Renault acertar em 2009, é candidatíssimo ao tricampeonato.



Duas temporadas, 35 corridas, 9 vitórias, 22 pódios e um título. Hamilton é bom na pista seca, molhada, no quente, no frio, em pista rápida ou travada. Ainda não é completo, falta-lhe aprender a correr cautelosamente, com o regulamento debaixo do braço. Nem sempre é necessário buscar a vitória. Mas acredito que estamos diante de um fenômeno, que poderá derrubar os recordes de Michael Schumacher.

Um comentário:

pedrop8 disse...

Concordo 100% contigo neste post.

abs