segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Atrás do Azerbaijão...

Por Antonio Oliveira

Os bronzes do Brasil estão bombando na blogosfera e não pelo orgulho de termos 6 atletas brasileiros entre os 3 maiores do mundo. Pelo contrário, na internet se lê uma série de gozações desmerecendo as 5 medalhas de terceiro lugar e reclamando que, no quadro de medalhas, não estamos acima de certos países sem muito prestígio.

Pois hoje, dia 18 de agosto de 2008, estamos atrás de Etiópia, Mongólia e Cazaquistão no quadro de medalhas olímpico.

Por outro lado, vi poucos comentando que estamos à frente da Índia com seu bilhão de habitantes. E contra o argumento que a Índia é pobre, estamos também melhor que Suécia e Áustria. Além desses, estamos também acima de lugares com uma renda per capita bem maior que a nossa: Arábia Saudita, Bahrein, Hong Kong, Israel e Kuait.

Mas a nossa realidade não é nem da pobre e superpopulosa Índia, nem de países com renda per capita monstro e poucos habitantes. Temos que nos comparar com outros países latino-americanos. Nesse grupo só Cuba e Jamaica estão à frente do Brasil. O primeiro representa a forte tradição do antigo segundo mundo e o outro só está no quadro por seus corredores fenomenais. Todos os outros países latino-americanos têm menos medalhas que o Brasil e, até agora, nenhum ganhou ouro.

O brasileiro acusa o argentino de ser o latino que deseja se passar por europeu. Porém, sofremos de síndrome similar em ano olímpico.

Mas considerando nossa realidade, creio que só podemos nos orgulhar de nossos atletas e medalhas. Ao contrário de muitos países que se destacam em apenas um ou dois esportes, vários atletas brasileiros chegaram às finais e semis em algumas das modalidades mais competitivas: ginástica artística, natação, atletismo, futebo, vôlei, judô, entre outras.

Porém, não nos orgulhamos desses feitos alcançados por pouquíssimos países. O foco é estarmos atrás da Zimbábue.

Penso que é justamente esse tipo de mentalidade que atrapalha o desenvolvimento desportivo brasileiro. Suponhamos que o investimento no esporte fosse ainda menor e que não tivéssemos chegado a nenhuma das finais que chegamos. Mas também suponhamos a graça de um Michael Phelps nascer em terra tupiniquim e o milagre ainda maior desse brasileiro hipotético ter recebido toda atenção, treinamento e suporte para desenvolver seu potencial. Fosse esse o caso, a maioria dos brasileiros estaríam comemorando o oitavo lugar no quadro de medalhas pouco se importando com o contexto que gerou essa conquista.

Se você tem alguma dúvida, o futebol é a comprovação de que estou certo. Toda corrupção e incompetência que rodeia esse esporte no Brasil são esquecidos quando ganhamos uma taça. Da mesma forma, esse mesmo esporte aborta toda tentativa de trabalho sério a longo prazo que não proporcione esse tipo de catarse ao torcedor.

Mas creio que o esporte no Brasil não melhorará enquanto o torcedor brasileiro não se desvencilhar dessa ânsia de aliviar todas suas frustrações através do grito de campeão e da consequente vilanização de quem não consegue lhe proporcionar esse prazer. Precisamos reconhecer que o esporte olímpico brasileiro está apenas começando a engatinhar. Assim, ao mesmo tempo que devemos pegar-lhe a mão para ajudá-lo a andar, devemos fazê-lo com muito encorajamento e reconhecimento de progresso.

Por isso parabenizo todos os atletas brasileiros que chegaram a finais nessas Olimpíadas, especialmente aqueles que me deram a alegria de comemorar uma tão suada medalha de bronze. O Brasil é bronze, sim! Comemoremos!

11 comentários:

pedrop8 disse...

Brasileiro é um povo muito passional, queremos o resultado hoje, independente das dificuldades. Não imaginamos o tamanho da preparação de cada um dos atletas,...estrangeiros. Nas Olimpíadas os mais bem preparados levam vantagem. Os atletas brasileiros não perderam, ninguém desistiu de competir, os adversários é que foram superiores.

Anônimo disse...

Texto pedante e de má qualidade.

Antonio disse...

P8,
concordo com você.

Anônimo,
Eu não sou cronista, estou aqui só brincando de escrever no arquibadigital. Lamento só você não colocar seu nome ao criticar meu texto. Tivesse deixado um e-mail pra contato, eu poderia pedir sua ajuda para melhorar meus textos e deixá-los mais informais.

Chã, Patinho & Lagarto disse...

Concordo com boa parte do texto. Mas vejo deméritos em alguns casos sim.

Antonio disse...

"Chã",

Valeu pelo comentário.

Deméritos no texto ou nos atletas brasileiros?

Se for a segunda opção, eu acho que alguns atletas foram pior que o esperado como acontece com todo país.

Porém, não acho que esse seja o caso de nenhum atleta que pegou bronze e cujas medalhas estão sendo avacalhadas na blogosfera.

Alexandre Matos disse...

Avacalhar medalhas olímpicas é absolutamente ridículo.

O resultado de alguns atletas, que chegaram a Pequim com a pecha de "favoritos" e não trouxeram medalhas, é algo extremamente normal no esporte.

Todo mundo lembra que o João Derly e o Diego Hypolito não trouxeram medalha. Ninguém lembra que a Keithlyn trouxe uma de onde ninguém esperava.

Favoritos voltarem para casa com as mãos abanando é o que mais acontece no esporte, mas o brasileiro tem o péssimo hábito de só lembrar dos nossos e não ver que isso é algo normal.

Alexandre Matos disse...

Estou preparando um post pós-olimpíadas sobre a situação do esporte olímpico no Brasil.

Chã, Patinho & Lagarto disse...

Não nos atletas especificamente.
Mas no fraco desenvolvimento do esporte do Brasil e na maneira provinciana e carente com que a imprensa marrom brasileira joga pressão pra cima dos atletas. Por isso os que obtém bons resultados são justamente os que menos são alardeados pela imprensa daqui, ou que tiveram desenvolvimento de alto nível em outros países.
Vemos o caso do Polo Aquático. Um brasileiro é considerado um dos melhores do mundo, mas teve que se naturalizar espanhol para poder praticar seu esporte e viver dele, treinando em alto nível e consequentemente tendo um alto rendimento. Aqui, infelizmente ele seria um talento desperdiçado, pois ser atleta desse tipo de esporte do Brasil não pode passar de um mero hobby. Nossa seleção deve receber uma ajuda de custo de cerca de um salário mínimo cada, e compete com profissionais de verdade. E isso foi só um exemplo. Infelizmente temos vários aqui.
Nossos atletas que passam por isso devem ser respeitados, principalmente os que ainda conseguem conquistar alguma coisa. Mas o esporte brasileiro de um modo geral é uma verdadeira piada. Por isso sim merece ser criticado por estar atrás do Zimbábue, mais especificamente de uma única atleta do Zimbábue.

Era disso que eu estava me referindo, Antonio.

Alexandre Matos disse...

Vamos tb deixar de "marronzice". O Zimbabue so saiu na frente do Brasil por causa da Coventry. Depois q ela parou de competir, acabaram as medalhas deles.

E agora estamos esperando o 3 medalhas pro volei de praia, duas pro de quadra, uma pro futebol feminino, uma pro Robert Scheidt, quem sabe pra Natalia Falavigna, pro Rodrigo Pessoa...

Não tem comparação. É o mesmo q dizer q os EUA estavam em crise pq a Republica Tcheca ganhou o primeiro ouro.

Unknown disse...

A minha opinião é que, infelizmente, o Brasil é país de um esporte só: o futebol. Me atrevo a dizer, então, que seria o país de meio esporte apenas, já que o futebol feminino, que vem nos dando tantas alegrias, sequer é comentado dentro do país quando os Jogos Olímpicos são encerrados.

Ok, vcs vão me dizer: “mas e o vôlei? O Brasil tem tradição neste esporte tb.” Concordo. Porém, pare 100 pessoas na rua e pergunte a elas em que time joga André Heller, Gustavo,
Dante, André Nascimento. Até Serginho e Giba eu deixo entrar na enquete: se 10% souber dar a resposta, a primeira rodada do chopp fica por minha conta! Se falarmos do vôlei feminino, aí mesmo que essa meta cai pela metade. E estamos falando de uma equipe que não perdeu um jogo sequer, desde o início dos Jogos de Pequim.

Pois é... o País de Meio Esporte (e aqui o termo "meio" tb sugere o futebolzinho que nosso atletas multimilionários nos proporcionaram recentemente) se sente no direito de cobrar daqueles “ilustres desconhecidos” medalhas que possam minimizar suas angústias.

Enquanto continuamos a pensar somente em Copa do Mundo, nossos “heróis solitários” vão caminhando pelas beiradas e trazendo medalhas e belas colocações nos Jogos....

Parabéns a todos aqueles que estão (ou estiveram) em Pequim representando o Brasil. Eles merecem nossos aplausos e admiração, trazendo medalhas ou não. A maior medalha nos foi concedida no dia 8 de agosto, por 469 integrantes brasileiros.

Alexandre Matos disse...

Julia,

Infelizmente vc tem razão. E este é um dos fatos que fazem pessoas que nunca ouviram falar de outros esportes virem dizer q o Brasil está pagando mico em Pequim.