sábado, 16 de agosto de 2008

De que planeta é Usain Bolt?


Incrível! Extraordinário! Memorável! Excessivo! Anormal! Notável! Faltam adjetivos na língua portuguesa para descrever o que o jamaicano Usain Bolt fez na final dos 100 metros rasos dos Jogos Olímpicos de Pequim. O Golden Boy do atletismo mundial, que vai completar 22 anos daqui a cinco dias, simplesmente pulverizou o recorde mundial, humilhou os concorrentes e confirmou com sobras a condição de homem mais rápido do planeta.

Quem não viu, por favor vá ver, porque não sei se tenho capacidade de colocar em palavras o que aconteceu na pista do Ninho do Pássaro. Desde o aquecimento e fase de concentração pré-prova, era nítido que algo de diferente estava para acontecer. Todos os concorrentes estavam sérios, concentrados. Alguns nitidamente nervosos ou preocupados, como Asafa Powell. Mas Bolt estava tranqüilo, brincava com a platéia, só faltou dançar no bloco de partida. Tranqüilo como nunca vi ninguém ficar numa final olímpica desta prova. E olha que vi todas ao vivo desde 1984, prestando atenção na TV em todos os detalhes. Usain, de sapatilhas douradas com travas de ouro, largou pior que os adversários. Talvez estivesse dando uma chance para os pobres mortais. Quando viu que ninguém aproveitou, tratou de acelerar. E com 20 metros percorridos, já era o virtual vencedor. Mas faltava o algo mais.

Então o Menino Prodígio deu um show nos 20 metros finais. Olhou para os lados, não viu ninguém nem perto dele, relaxou, abriu os braços, bateu no peito e cruzou a linha de chegada, absoluto e em ritmo mais lento, como mostra a foto acima, tirada antes de Bolt cruzar a linha final, ainda dentro da prova. O resultado? A assombrosa marca de 9s69, 3 centésimos abaixo do recorde mundial, que já era dele mesmo. Parece pouco, mas é quase uma eternidade nesta prova tão rápida. Só faltou ele dar uma cambalhota na linha de chegada.

Para que se tenha idéia do feito de Usain, especialistas em fisiologia, motricidade e atletismo diziam que o limite humano nas atuais condições nesta prova seria de 9s63. Certamente vão rever agora este "limite". Bolt ficou 6 centésimos acima mesmo brincando na pista no quinto final da prova. Provavelmente teria quebrado a barreira inacreditável dos 9s60 se tivesse mantido o ritmo durante os 100 metros da disputa. Isso é absolutamente inacreditável. Pensei que eu iria morrer sem ver um corredor atingir 9s60. Hoje acredito que vou ver isso no máximo no Mundial de 2009. Ou em alguma etapa da Golden League que pague uma fortuna para Bolt fazê-lo.

E não custa lembrar que Usain Bolt é especialista nos 200 metros rasos, prova na qual foi o primeiro juvenil da história a correr abaixo de 20s. Antes de bater o recorde mundial, há poucos meses, sequer iria disputar os 100m em Pequim. Imaginem o que ele fará com o recorde mundial de Michael Johnson nos 200m...

No meio deste assombro, um dado interessantíssimo. Os EUA, sempre fortes nestas provas, eram "invasores" na festa caribenha. Dos oito finalistas, dois eram americanos (o medalha de bronze Walter Dix, com 9s99 e o último colocado Darvis Patton, com vergonhosos 10s03). O resto era de países da América Central: três da Jamaica (Bolt, Powell, que terminou em quinto com 9s95 e Michael Frater, sexto com 9s97), dois de Trinidad e Tobago (o medalha de prata Richard Thompson, com 9s89 e o sétimo Marc Burns, com 10s01) e um das Antilhas Holandesas (o quarto Churandy Martina, com 9s93).

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